Inovação pela tecnologia

Conferência do americano Stephen Goldsmith encerra programação do VII Congresso Consad de Gestão Pública

As conferências internacionais estiveram em destaque no VII Congresso Consad de Gestão Pública. Depois da apresentação do australiano Geoffrey Gallop, durante a abertura, o norte-americano Stephen Goldsmith compartilhou seus conhecimentos no evento de encerramento. O professor de governo da Harvard Kennedy School, vice-prefeito de operações de Nova York e prefeito de Indianápolis por duas vezes discorreu sobre “Como as novas tecnologias estão mudando a forma de governar e o papel da inovação nesse contexto”.

“Esta, sem dúvida, é a maior platéia de administração pública para quem já falei na vida”, afirmou o especialista para um público de quase duas mil pessoas. Considerada uma verdadeira aula por Renata Vilhena, secretária de Estado de Planejamento e Gestão do Estado de Minas Gerais, vice-presidente do Consad e coordenadora dos trabalhos da conferência, a palestra “foi de grande aprendizado para todos. A experiência de como usar as redes sociais no aprimoramento da prestação de nossos serviços, ouvindo o cidadão e dialogando com ele é valiosa”.

Com mais de 30 anos de carreira, Goldsmith é exemplo de profissional que não só se adaptou à nova linguagem vigente com o advento da internet, como soube usá-la de maneira inovadora no desenvolvimento de seu trabalho. Citando exemplos em que esteve diretamente envolvido nos Estados Unidos, e também de outros países como Colômbia, Espanha, Uruguai, Reino Unido e Brasil, ele ressaltou, dentre outros pontos, como a tecnologia possibilita aproximar a administração de seu foco: o cidadão. “O governo pode e deve ser mais responsivo, melhorando os serviços oferecidos à população que tantas vezes fica presa a processos burocráticos”, explanou.

Para investir em uma gestão bem sucedida, o professor enumerou alguns princípios: foco no valor público, responsividade direcionada para dados, responsividade por meio de governança em rede, melhora do serviço ao cidadão, envolvimentos dos servidores na responsividade e modelo regulatório responsivo. Em todos os casos, a importância de se analisar a prestação de serviços do ponto de vista do cidadão, este cada vez mais acessível e colaborativo no ambiente das redes.  “A transparência é um grande avanço, pois os dois lados, governo e cidadão, podem tirar o melhor proveito dela. De um lado, quanto mais informações prestadas, mais compromisso com a honestidade e eficácia. Do outro, a validação, ou não, dos serviços”, comentou.

O conferencista citou a experiência do Portal Minas Fácil, do governo de Minas Gerais, que possibilita aos mineiros reduzir o prazo de abertura de uma empresa de 45 para seis dias e deixou uma reflexão aos presentes: “Será que são necessários tantos requisitos, tantas licenças, tantos alvarás?”

Convidados para a conferência, Ana Lucia Amorim, do Ministério do Planejamento e Javier Urra, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), falaram do valor da experiência de Stephen Goldsmith ao desenvolvimento das políticas de gestão no Brasil. “Este é um tema extremamente desafiador e importante para o nosso dia a dia, para a forma como pensamos os nossos processos de alcançar o cidadão através do serviço público. Vivemos num contexto de revolução tecnológica altamente significativa que impacta a forma do governo de se relacionar com a sociedade. É preciso sair do quadradinho da visão hierárquica e partir para a organização mais orgânica e simbiótica com os brasileiros”, disse Ana Maria. “Ontem almoçamos com o senhor Goldsmith num restaurante do Clube de Golf e perguntamos a ele se gostava do esporte. Ele nos disse que seu hobbie era o trabalho. Sua resposta fala muito sobre o quanto, além de conhecimento técnico, o compromisso pessoal faz toda a diferença no nosso trabalho”, finalizou Urra.

Charlotte Vilela